quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Deitei na cama alguns minutos depois, resignada enquanto a dor finalmente resolvia aparecer.
Era paralisante, aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido cavado em meu peito e que meus órgãos mais vitais tinham sido arrancados por ele, restando apenas sobras, cortes abertos que continuavam a latejar e a sangrar apesar do passar do tempo. Racionalmente, eu sabia que meus pulmões ainda estavam intactos, e no entanto eu arfava e minha cabeça girava como se meus esforços não dessem em nada. Meu coração também devia estar batendo, mas eu não conseguia ouvir o som de minha pulsação nos ouvidos; minhas mãos pareciam azuis de frio. Eu me encolhi, abraçando as costelas para não partir ao meio. Lutei para ter meu torpor, minha negação, mas isso me fugia.
E, no entanto, achei que podia sobreviver. Eu estava alerta, sentia a dor – a perda dolorosa que se irradiava de meu peito, provocando ondas arrasadoras de dor pelos membros e pela cabeça - , mas era administrável. Eu podia sobreviver a isso. Não parecia que a dor tivesse diminuído com o tempo; na verdade, eu é ficara forte o bastante para suportá-la.
O que quer que tivesse acontecido naquela noite – e quer tenha sido responsabilidade das musicas, da poesia, ou dos contatos -, tinha me despertado.
Pela primeira vez em muito tempo eu não sabia o que esperar da manhã.

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